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Cem anos do rádio no Brasil: das emissoras pioneiras até a Era de Ouro

Emissoras pioneiras ajudam a contar a história do rádio no Brasil

Fonte: Arquivo EBC
Cem anos do rádio no Brasil: das emissoras pioneiras até a Era de Ouro

Com o surgimento das
primeiras transmissões de rádio no Brasil (como a da Rádio Clube de Pernambuco
e a do dia 7 de setembro de 1922), apaixonados pelo novo veículo começaram a
trabalhar em iniciativas que resultaram nas primeiras emissoras do país. De lá
para cá, a trajetória do próprio meio de comunicação se confunde com a de
algumas emissoras pioneiras.

Emissora da histórica
transmissão do centenário da Independência, a Rádio Sociedade foi criada
oficialmente no ano de 1923 no Rio de Janeiro. Exatos 365 dias separaram a
transmissão e a entrada no ar da emissora. No meio deste período, foi feita uma
transmissão experimental em 1º de maio, e uma lei que derrubava a proibição da
compra de aparelhos de rádio foi criada no dia 11 do mesmo mês.

A Sociedade se
destacou como pioneira, mas a criação de maior sucesso no final da década de
1920 é a da Rádio Mayrink Veiga, também do Rio de Janeiro. Enquanto a Rádio
Sociedade focava no caráter educativo com, inclusive, aulas de disciplinas
escolares na programação, a Mayrink Veiga se dedicava ao chamado rádio
espetáculo e mudou paradigmas na forma de se administrar uma emissora e
entregar conteúdo.

A emissora foi criada
por Alfredo Mayrink Veiga, dono de um dos maiores estabelecimentos de
importação e exportação do país. “A emissora foi fundada como um balcão para
que quem comprasse aparelhos de rádio na Casa Mayrink Veiga tivesse mais essa
opção para sintonizar”, conta a jornalista e pesquisadora Paloma da Silveira
Fleck em entrevista à Rádio MEC.

A partir dos anos
1930, com a regulamentação da publicidade do Brasil, a rádio, graças ao
processo de profissionalização, cresceu ainda mais. “Na época, a Mayrink Veiga
se estrutura como um negócio comunicacional. É quando ela vive seu período
hegemônico e é destaque no rádio brasileiro”, completa Paloma.

Fora da então capital
do Brasil, outras emissoras também começavam a se destacar. Em São Paulo, a
iniciativa de maior relevância no final dos 1920 e início de 1930 é a da Rádio
Record. Assim como a Mayrink Veiga, a emissora foi fundada por um proprietário
de um comércio. Álvaro de Macedo era proprietário da Casa Record, especializada
na venda de aparelhos de rádio e discos.

É no ano de 1931 que
a história da Record muda para sempre. Na época, Paulo Machado de Carvalho
adquire a emissora e garante uma periodicidade mais regular na programação. No
ano seguinte, o movimento que deu início a chamada Revolução Constitucionalista
(que aconteceria no ano seguinte) foi abraçado pela rádio.

“A Sociedade Rádio
Record iniciou sua atuação em prol da Revolução Constitucionalista antes mesmo
de ela ser deflagrada. A cidade de São Paulo vinha assistindo a manifestações
contra a ditadura de Getúlio Vargas e pró-constituição já há algum tempo. Numa
dessas manifestações, em confronto com a polícia, quatro estudantes morreram.
Isso aconteceu em 23 de maio de 1932. Outros estudantes, então, 'invadem' a
Rádio Record e leem o seu manifesto”, conta a professora e pesquisadora Maria Elisa
Pasqualini.

Dois meses depois, a
mensagem de renúncia do então interventor de São Paulo era enviada diretamente
para a Rádio Record e lida no ar. Neste período, a emissora ganhou a alcunha de
“Voz da Revolução”. Foi justamente neste período que surgiu uma inovação: o
primeiro jornal falado da história do rádio no Brasil.

Também em 1932, com a
liberação da inserção de publicidade em veículos radiofônicos, a Record segue o
mesmo processo de profissionalização da Mayrink Veiga em áreas como o
entretenimento (com programas de auditório) e esportivas (em que a emissora foi
pioneira ao transmitir a primeira partida de futebol da história do Brasil,
entre as seleções paulista e carioca).

A segunda metade da
década de 1930 foi de consolidação do rádio como veículo de comunicação em
massa. Tanto que, em 1936, a Rádio Sociedade, que não resistiu às
transformações do período, deixa de ser de Edgard Roquette-Pinto, passa para as
mãos do Ministério da Educação e muda de nome: se torna a Rádio MEC. No sentido
contrário da MEC, outra emissora é criada para se tornar hegemônica na época: a
Rádio Nacional.

No dia 12 de setembro
de 1936, a Rádio Nacional entrou no ar. Sediada no imponente edifício do jornal
A Noite, a Nacional entrava no ar ao som da canção Luar do Sertão, de João
Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense. Inicialmente, a Rádio Nacional segue a
trajetória das outras emissoras da época.

Foi em 1940 que a
história da emissora muda. Em meio à ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas,
a Nacional é estatizada pelo governo. De um lado, foram feitos investimentos
pesados em tecnologia (para aumentar o alcance da emissora) e em novos
produtos. De outro, a rádio passava a servir a um projeto de governo e de
valorização de uma cultura brasileira.

“Todos os
investimentos que foram feitos na emissora foram para servir a um projeto
político que ficava um pouco disfarçado ali em meio a uma programação de uma
emissora comercial. Por trás, o que valia mesmo era o projeto político e a
ênfase muito grande em Brasil e em cultura brasileira, que também era uma
maneira de reforçar esse projeto político do Vargas para o rádio”, ressalta a
pesquisadora Sonia Virgínia Moreira.

O resultado foi a
contratação de artistas que eram de outras rádios, a criação de produtos inovadores
como as radionovelas (com destaque de sucesso a O Direito de Nascer) e o
Repórter Esso, principal rádio jornal do país por ano, e a liderança de
audiência na Era de Ouro do rádio.

Enquanto a Nacional,
com a ajuda do governo federal, se consolidava no cenário radiofônico da época,
outras emissoras surgiam e, ao seu modo, contribuíam com inovações. Uma delas é
a Rádio Inconfidência de Minas Gerais. Criada em 3 de setembro de 1936, a
rádio, já na fundação, tinha um equipamento de ponta financiado pelo governador
do estado Benedito Valladares.

Quando começou a
chamada Era de Ouro do rádio no Brasil (algo que ocorreu depois, por exemplo,
do que nos Estados Unidos), outras tantas rádios também se destacaram. Muitas
delas acabaram criando inovações posteriormente como, por exemplo, a Rádio
Bandeirantes (fundada em 1937) que, na década de 1950, passou a dedicar 100% da
programação a notícias/esporte ou a Tupi que, por meio da visão de seu
fundador, Assis Chateaubriand, abriu as portas para a chegada da TV ao Brasil.
Mas aí já é outra história.

 

 







































Fonte: Edgard Matsuki/Agência Brasil




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